Por Henrique Chiummo, advogado empresarial do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados

O tema pode parecer recorrente, porém a transformação digital é, para boa parte das empresas, apenas uma teoria que não surtiu os efeitos desejados para o negócio. Mesmo um ano após uma pandemia sem precedentes, que impulsionou a digitalização de processos de produção, muitas empresas se vêem em um ambiente pouco promissor e competitivo. Estudos indicam que o termo “transformação digital” só se popularizou no país a partir de 2016, quando já era realidade em muitos países. Na própria América Latina, ficamos para trás. Um levantamento da empresa de consultoria Exec apontou que países como Colômbia e Argentina estão mais avançados quando o assunto é digitalização.

A dificuldade da economia brasileira em se adaptar a processos de transformação digital pode ter origem em diversas questões, mas uma delas é marcante: a postura da liderança. Adotar processos integrados e novas tecnologias para automação da produção é apenas uma das iniciativas para tornar uma empresa competitiva. Estes investimentos precisam, acima de tudo, serem conduzidos por uma gestão alinhada à transformação.

Entre as decisões que passam pela liderança e refletem na adoção bem-sucedida de medidas de automação e digitalização, estão as de compliance. Boas práticas que indicam o uso correto das ferramentas digitais, bem como o tratamento de dados e a postura frente às novas diretrizes do universo digital fazem toda a diferença neste processo.

Há ainda a necessidade de adequação das diretrizes que baseiam o negócio, para que elas continuem a garantir a segurança da empresa, seus sócios e colaboradores, frente ao novo cenário. Para tanto, uma liderança inclusiva, que traga para o centro das decisões os desafios identificados em todas as fases do negócio, é fundamental. A revisão das práticas empresariais, organização societária, modelos de contratação, gestão e aplicação de recursos, além de análise completa da legislação frente às iniciativas de inovação são outras práticas que precisam estar na pauta da alta gestão.

Estar alinhado com a transformação digital não significa apenas direcionar investimentos para hardware e software. Trata-se de uma mudança de cultura que impacta todo o processo de atuação de um negócio e, como tal, precisa de uma análise completa em todas as instâncias. 

O papel da liderança neste contexto é muito claro: deve haver abertura para a adoção de novas práticas e a segurança na tomada de decisão, com apoio jurídico, tecnológico e de gestão em todos os processos, garantindo o posicionamento frente a um novo modelo de economia global, em que a digitalização não é mais um diferencial, mas uma prática fundamental para a competitividade.