Até agosto, US$ 62 bilhões em transações no mercado de fusões e aquisições já haviam sido efetuadas em 2021, de acordo com a consultoria Dealogic. Este volume representa o melhor cenário dos últimos 10 anos, ultrapassando em 2,5 vezes as movimentações de 2020. Somente no primeiro semestre, segundo KPMG, foram 804 negociações fechadas, entre os 43 segmentos da economia brasileira. 

Entretanto, outro estudo, também realizado pela KPMG, aponta que entre os fatores de riscos mais manifestados pelas empresas brasileiras se destacam os: riscos regulatórios (95%), condições econômicas e de mercado (92%) e os riscos aos acionistas (91%). Estes dados elucidam a importância da realização de uma análise de risco antes da realização desse tipo de negócio.

Também conhecida como due diligence, a análise de risco carrega um nome autoexplicativo. Em poucas palavras, o objetivo é investigar os perigos e ameaças de uma transação. Na prática a atividade é muito mais complexa, contemplando áreas financeiras, contábeis, trabalhistas, previdenciárias, fiscais, jurídicas, entre outras.

O advogado empresarial Flávio Pinheiro Neto explica que o processo é uma maneira de garantir sucesso nas operações, investigando a possibilidade de litígios pendentes com o negociante. “A due diligence representa a inteligência de negócios do gestor, já que funciona como um excelente parâmetro para a previsão de resultados positivos da negociação. Além de indicar padrões potencialmente questionáveis, histórico de atos e perigos jurídicos à empresa”, diz

A avaliação pode ser aplicada na celebração de contratos entre empresas de todas as naturezas e também pode servir como um instrumento de autodiagnóstico, já que permite a compreensão e otimização de processos.

Flávio ressalta que a ferramenta só se torna efetiva quando investigada em distintos setores participantes da constituição da empresa. “Os principais pontos a serem observados são, além do panorama organizacional, a propriedade intelectual da empresa. É este um dos maiores atrativos, já que é o que diferencia as empresas e auxilia na competitividade. Licenciamentos, contenciosos, frentes trabalhistas, panorama financeiro, fiscal e tributário e o sistema operacional também são pontos sensíveis, onde qualquer inconformidade resulta em riscos”, reforça.

O apoio de especialistas neste processo é crucial para a assertividade das negocioações. “Mais do que reduzir os riscos jurídicos de uma empresa, contar com o suporte de quem possui conhecimento aprofundado nas questões legais garante a atuação estratégica, identificando riscos operacionais que podem prejudicar o desempenho. Dessa forma a tomada de decisão se torna mais assertiva, fomentando a estabilidade e a consistência dos negócios”,  explica o advogado.